Relato de parto da Anna

Relato de parto – nascimento da Anna

Naquele sábado Clara (minha filha de 3 anos) acordou dizendo que queria fazer uma festa, que precisávamos comprar balões pois queria enfeitar a casa e chamar os convidados. Perguntamos para quem seria a festa e ela disse que era pra maninha. Certo, depois da feira passamos no supermercado e compramos as coisas pra tal festinha. Meus avós estavam em Porto Alegre (moram em Florianópolis) e vieram nos visitar de tarde, enchemos balões, cantamos parabéns  para a Anninha e comemos os docinhos que havíamos preparado. Cada um que chegava era mais um parabéns pra Anninha e distribuição de docinhos!

Entrando na 39º semana de gravidez eu sabia que logo a grande hora chegaria! Aos poucos fui me despedindo da barriga e me preparando para a chegada da Anna. Na última aula de yoga minhas colegas e minha doula fizeram uma linda e emocionante despedida, senti-me confiante diante de tantas palavras carinhosas e encorajadoras!

Passou domingo, veio segunda... a lua de nova tornou-se crescente. Poderia ser a qualquer momento ou ainda, quem sabe,  dentro de algumas semanas. Fui para a cama perto da 1 da manhã e então comecei a sentir algumas contrações diferentes. Conversando com o Bruno percebemos que estavam irregulares e achamos melhor tentarmos dormir. Claro, ele dormiu. Eu fiquei lá deitada (as contrações eram ainda muito tranqüilas e espaçadas) sabendo que o dia tinha chegado: a Anna iria nascer em 15 de março de 2011!

Perto das 4hs achei melhor levantar e acordar o Bruno. Ficamos pela casa conversando e monitorando as contrações que estavam de 7 em 7 min. Liguei para minha doula por volta das 5hs e disse que ela poderia ir se aprontando para vir. Ela recomendou que eu tomasse um banho relaxante...

No banho as contrações (segundo o Bruno já de 5 em 5 min.) se tornavam muito melhores e estava difícil querer sair debaixo do chuveiro. Ainda assim, fui colocar uma roupa e preparar as coisas para levar para o Hospital... Acordamos a Clara para contar a novidade: a Anninha iria nascer! Ela acordou com um sorriso lindo no rosto e disse que tinha sonhado com a maninha (o mais incrível é que o Bruno também havia sonhado naquela noite com o nascimento da Anna)!

O dia estava clareando e a cada contração (agora de 3 em 3min.) o Bruno massageava minhas costas, eu só dizia: “Ta vindo!”, me apoiava em alguma coisa e ele vinha com a mão na minha lombar! Teve um momento que a Clarinha veio bem pertinho de mim e com uma voz tranquila me disse: "Mamãe, eu tô aqui também, tá?", nem soube o que dizer, ela foi tão madura, somente agradeci e abracei minha filha. 


Eu já estava querendo ir para o Hospital quando a Fabi (minha doula) chegou! As ondas vinham intensas e com intervalos curtos, ela conversava comigo entre as contrações e durante elas me ajudava a fazer uma respiração beeem longa (foi o que me manteve concentrada).

Chegar no Mãe de Deus não foi nada fácil, me colocaram aquela roupa de hospital e me perdi um pouco pois queriam monitorar o bebê, tirar minha pressão e me fazer diversas perguntas... Será que ninguém entendia que eu só queria me concentrar, que eu estava “pra dentro” Pelo menos a Fabi estava ali pois o Bruno teve que ficar assinando a papelada para dar entrada no hospital enquanto ligavam para minha obstetra. Ela me dava o suporte da respiração durante as contrações que já estavam muito intensas e quando a contração vinha eu, de pé, me apoiava na parede (não conseguia sentar ou deitar de jeito nenhum!).

Tive que esperar durante 3 contrações sozinha em uma salinha de triagem, não sei o motivo mas não deixaram a doula entrar. A obstretra de plantão veio, fez o exame de toque e constatou: 9 cm de dilatação! Foi logo preparar a sala para o parto...

Na sala de parto tudo aconteceu muito rápido. Comecei a sentir muita vontade de fazer força durante as contrações (parecia que eu ia fazer cocô mesmo, que coisa!), então a obstetra plantonista preparou a cama e pediu para que eu me posicionasse. Naquele momento nem pensei muito, deitei. Pedi que reclinassem bem a cama, reclinaram. Lá vem a onda, forçaaa... Senti a cabecinha, a contração passou. Lá vem a outra, forçaaa... Bateu o medo, eu sabia que faltava pouco mas cedi à episiotomia. Lá vem, forçaaa... Senti o corpinho quente escorregando de dentro de mim e a Anna estava ali no meu colo, linda, melecada, com a boca aberta, toda vermelinha! Papai Bruno diz para a pediatra plantonista deixar o bebê ficar mais um pouco ali comigo, ela consente. Que coisa boa!

Então vem a pior parte: aqueles pontos intermináveis e a espera pela placenta. Juro, foi a pior parte. Mais contrações para liberar a placenta e ficar todo tempo com as pernas abertas para finalizar aqueles pontos foi tortura! Minha doula ficou conversando comigo durante este processo e o Bruno acompanhou a Clarinha naqueles primeiros cuidados que qualquer Hospital tem como padrão.

E foi isso, o nascimento da Anna foi do jeito que eu acreditava ser o melhor para nós duas! Me superei em alguns aspectos, senti-me forte. Percebi, também, meus medos e limites, soube confiar e aceitar ajuda. Agradeço a todos que trilharam comigo este caminho... Estou realizada e muito feliz com este pequeno ser que me elegeu mãe.

Gisele Helena do Espírito Santo
23.03.2011

mãe da Clara (PNH – 05.09.2007)
mãe da Anna (PNH – 15.03.2011)





4 comentários:

  1. Gi, querida, gratidão por compartilhar tão lindo relato! Histórias assim tem que ser divulgadas aos quatro ventos, pois transmitem muita força e confiança às futuras mamães. Sim! Nós podemos! Confiamos em nossos corpos e em nós mesmas! E nossas crianças, citando Leboyer, "nascem sorrindo".

    Muitos beijos e uma caminhada abençoada e florida para esta família linda,
    Aline

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  2. tudo de lindo pra vces, querida Gi e família!

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  3. Parabéns Gisele! Lindo relato, as fotos traduzem o momento tão especial de vcs quatro! Bjos Angie e Lucas ( 1 mês e 13 dias)

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  4. Gi, querida.Emocionante o teu relato. Lindo. Parabéns pelas tuas duas fofuras! Beijinho. Júlia Cardoso

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